Investidos 690 milhões em imobiliário comercial no 1º semestre

Investidos 690 milhões em imobiliário comercial no 1º semestre

Entre janeiro e junho, o investimento em imobiliário comercial caiu 10%, cifrando-se nos 690 milhões de euros. Para a 2ª metade do ano, as perspetivas apontam ser mais animadoras, estima a Savills.

O mais recente relatório “Real Estate Market Overview”, da Savills, analisou o comportamento no 1º semestre de 2024 das diversas áreas do setor imobiliário. No final dos primeiros seis meses, o mercado de investimento imobiliário comercial, registou uma descida homóloga de 10%, cifrando-se o volume total de investimento neste período nos 690 milhões de euros.

Perspetivas "mais animadoras" para a 2ª metade do ano

De assinalar que no 2º trimestre o volume de investimento foi mais robusto, alcançando 430 milhões de euros, o que sugere uma recuperação gradual. Para a 2ª metade do ano, as perspetivas apontam ser mais animadoras, com as expetativas de conclusão de alguns processos já em curso.

No primeiro semestre, o setor de hospitality liderou o volume de transações, representando 36% do total investido, seguido pelo retail, com 20%. O investimento cross-border dominou, constituindo 83% do volume total, com investidores de Alemanha, França e Estados Unidos a desempenharem papéis significativos. As yields prime mantiveram-se estáveis, e a antecipação de descidas nas taxas de juro pode vir a estimular a atividade de investimento, refere a Savills. No entanto, os desafios persistentes, como a inflação e as tensões geopolíticas, ainda podem impactar o mercado.

Escritórios – Lisboa e Porto com 1º semestre muito positivo

No segmento de escritórios, Lisboa e Porto destacaram-se com resultados positivos. Lisboa registou uma absorção de 127.645 m², mais do que triplicando o volume do ano anterior, com destaque para a zona do Parque das Nações e a Nova Zona de Escritórios. No Porto, a absorção foi de 28.375 m², refletindo um aumento de 13% em comparação ao primeiro semestre de 2023. A procura por espaços flexíveis continua a crescer, representando 7% da absorção total em Lisboa, e quatro novos projetos adicionaram cerca de 45.000 m² ao stock de escritórios.

Frederico Leitão de Sousa, Head of Offices da Savills, assinala que «os dados referentes ao primeiro semestre de 2024 para o mercado de escritórios em Lisboa revelam um expressivo crescimento no take-up, que mais que triplicou em relação ao ano anterior. Os números demonstram que Lisboa continua a ser uma escolha preferencial para muitas empresas e que o mercado de escritórios da capital, que apresenta um crescimento robusto e dinâmico, continuará a apresentar resiliência e potencial para o futuro. Com diversos projetos de qualidade em pipeline, espera-se que o mercado na cidade continue em profunda transformação nos próximos anos, de forma a ir ao encontro das expectativas e necessidade dos ocupantes».

Industrial & Logística registam desempenho notável

O mercado de industrial e logística também teve um desempenho notável, com uma absorção de 430.000 m², marcando um crescimento de 90% comparado à média dos últimos três anos. A Grande Lisboa, com uma taxa de disponibilidade reduzida de 3,52%, liderou a absorção, e o eixo logístico Montijo-Alcochete contribuiu significativamente para o volume total. A procura elevada e a oferta limitada têm pressionado as rendas prime para cima, com a renda prime no eixo Castanheira-Azambuja a alcançar 5,00€/m².

Pedro Figueiras, Head of I&L da Savills, destaca que «o mercado logístico português atravessa uma fase crucial de transformação. Com o maior pipeline de desenvolvimento dos últimos 15 anos, o setor tem atraído um volume significativo de investidores internacionais que reconhecem no mercado nacional um grande potencial de crescimento, impulsionado pela recuperação económica e pela sua localização estratégica na Europa».

No setor de retalho, o índice de volume de negócios cresceu 3,4% em junho, e o setor de F&B foi responsável por mais de 50% das novas aberturas em Lisboa e no Porto. A renda prime de comércio de rua em Lisboa subiu para 140€/m², um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior, enquanto no Porto manteve-se estável em 70€/m². O interesse por retail parks e supermercados aumentou, refletindo a resiliência desses ativos.

José Galvão, Head of Retail na Savills, comenta que «o desempenho do mercado de retalho em Lisboa e Porto permanece sustentado pelo setor de F&B que desempenha um papel central nas novas aberturas de comércio de rua. Também as marcas low-cost têm expandido as suas operações em Portugal, com a abertura de novas lojas que combinam valor, preço acessível e qualidade. De salientar o interesse crescente dos investidores pelos setores de supermercados e retail parks que gozam de estabilidade».

No mercado residencial, o volume de empréstimos à habitação caiu para 1,6 mil milhões de euros em junho, o menor valor do semestre. As taxas de juro continuaram a descer, atingindo 3,68%. O número de transações de vendas de casas diminuiu ligeiramente em 0,7% para 65.206 unidades, com o Porto a registar aumentos significativos nos preços, entre 7,5% e 9,4%. Lisboa também viu uma subida de preços, embora mais modesta, entre 1,8% e 5,4%. O mercado de arrendamento em Lisboa registou um aumento de 5,7% nos contratos, enquanto o Porto teve uma diminuição de 5,1%.

Miguel Lacerda, Lisbon Residential Director da Savills, observa que «o mercado residencial de Lisboa continua a ser muito apetecível tanto para portugueses como para estrangeiros. A Grande Lisboa é a zona com maior percentagem de casas vendidas nestes primeiros seis meses do ano, representando 30% das transações a nível nacional, que se traduz em 19.451 unidades. Po routro lado, o número de imóveis em pipeline já comercializados revelam que a oferta em Lisboa continua a ser escassa, o que se reflete na valorização dos preços».

No turismo, durante os primeiros seis meses de 2024, Portugal registou um aumento de 5,6% no número de hóspedes e de 4,5% nas dormidas em relação ao primeiro semestre de 2023. Os operadores portugueses são maioritariamente responsáveis pelas aberturas de novos hotéis neste primeiro semestre. Para além disso, a Área Metropolitana de Lisboa representa mais de 50% do pipeline do país até ao final de 2024.

Paulo Silva, Head of Country da Savills, sublinha que «mesmo com um ligeiro decréscimo no investimento imobiliário comercial observado no primeiro semestre do ano, o setor hoteleiro destacou-se ao apresentar o maior volume de investimento. Este dado confirma o dinamismo contínuo deste segmento, que tem mostrado capacidade contínua de atração de capital, refletindo a confiança dos investidores na sustentabilidade e no crescimento do turismo em Portugal».

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