Lisboa subiu este ano de posição na lista das cidades europeias mais atrativas para o investimento imobiliário, elaborada no relatório do Urban Land Institute “Emerging Trends in Real Estate Europe 2024”, ocupando a 8ª posição.
A capital portuguesa recupera agora da 11ª posição do ano passado, tendo subido de 16º para 8º lugar nos últimos três anos. Os investidores parecem interessados na (relativa) disponibilidade de ativos para investir, no ambiente regulatório e na atração de talento da cidade. Todos estes são critérios importantes para os inquiridos no relatório na hora de escolher uma cidade para investir.
Lisboa mostra-se particularmente interessante para a promoção imobiliária, a 7ª mais atrativa da Europa para este fim, já que as autoridades locais tendem a olhar favoravelmente para novos planos de urbanização de zonas menos tradicionais da cidade, e parece não haver tanta resistência à mudança de uso dos ativos e dos terrenos como em Espanha.
No entanto, alguns entrevistados alertam que a falta de oferta de habitação em todo o país pode impactar a solidez da posição que Lisboa ocupa neste ranking.
Nesta lista, Lisboa ultrapassa Frankfurt ou Barcelona. Um ranking que continua a ser liderado por Londres, seguida de Paris e Madrid, que subiu uma posição face ao ano anterior. Berlim, Amsterdão, Milão e Munique completam a lista.
De acordo com o relatório, um pouco por toda a Europa os players do investimento imobiliário apontam a performance económica como o principal ponto a considerar na altura de escolher uma cidade para investir e desenvolver novos projetos. Um critério seguido de perto pelos transportes e pela conectividade das cidades.
Nos últimos anos, os investidores têm apostado mais em novas localizações, consideradas hubs económicos, e não só nas grandes capitais. As grandes subidas de Milão, Lisboa ou Bruxelas são exemplo disso, uma tendência que pode demonstrar a procura de mais liquidez e estabilidade em tempos de maior instabilidade.
No topo da lista, Londres parece confirmar o premium que os investidores colocam na liquidez. Consideram que os fundamentais deste mercado continuam a ser resilientes, e um dos investidores inquiridos, CEO de um REIT, diz mesmo que «os investidores diretos, fundos soberanos ou fundos de pensões e o capital estrangeiro continuam a acreditar nos benefícios de longo termo e na preservação da riqueza que Londres proporciona».
A mesma tendência é visível em Paris, em segundo lugar, com o peso das próximas olimpíadas a compensar os pontos menos positivos da recente contestação social. Além disso, continua a ser o principal destino de turismo do mundo, segundo o World Travel and Tourism Council.
Já Berlim, assim como outras cidades alemãs, descem no ranking devido ao abrandamento económico que se registou este ano e ao fraco crescimento previsto para o próximo ano.
ESG, avaliações, tecnologia e demografia: os principais desafios e tendências para o próximo ano
Neste inquérito, fica patente que continua a aumentar a importância da adoção de políticas de ESG (Environment, Social, Governance) para todas as empresas. A descarbonização da economia é um desafio particularmente difícil para a indústria imobiliária, mas cada vez mais a indústria percebe o ESG como um investimento e não um custo, importante para a manutenção de valor.
A avaliação dos ativos imobiliários é um dos principais desafios do setor para o próximo ano, segundo o relatório do ULI, já que a quebra das transações que se registou nos últimos tempos tem tido um efeito desestabilizador nas avaliações em toda a Europa. O clima de incerteza e a relutância em ajustar os preços deverá manter-se.
76% dos inquiridos neste relatório acredita que as avaliações atuais não refletem como deveriam todos os desafios e oportunidades que se verificam hoje no setor imobiliário, como as alterações climáticas, o impacto social ou as mudanças nas exigências dos ocupantes.
Por outro lado, a inteligência artificial, a tecnologia e a digitalização são vistas, logo depois da importância do ESG, como as “top trends” do futuro do imobiliário. Até porque a inteligência artificial é, cada vez mais, vista como uma ferramenta para atingir os propósitos do ESG, particularmente nos cálculos dos riscos climáticos ou na monitorização de vários usos e gastos.
95% dos respondentes acreditam que a IA pode ajudar as suas equipas em várias áreas, não só no marketing ou no arrendamento, mas também no planeamento, Asseg Management, construção ou investimento.
Também as mudanças na demografia europeia são consideradas uma tendência especialmente importante para o setor a longo prazo. A Europa beneficia hoje de um aumento da migração, que influencia positivamente a sua demografia e população envelhecida. Mas os investidores estão também atentos aos possíveis efeitos dos refugiados climáticos dos próximos anos.
Seja como for, a chegada dos “baby boomers” à idade da reforma está a aumentar a procura por residências sénior e instalações de saúde, e muitos dos investidores inquiridos estão a apostar nestes setores por isso mesmo.