As expetativas dos operadores do mercado residencial, relativamente à evolução das vendas, estão em assinalável recuperação, como revela o mais recente inquérito de confiança ao mercado residencial português, Portuguese Housing Market Survey (PHMS), realizado pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS.
Depois da tendência predominante de compressão em 2023, os resultados de janeiro deste inquérito contrastam com o dos meses antecedentes, dado a maioria dos indicadores de mercado apresentar uma melhoria, visível não só ao nível da atividade atual como das expetativas para a sua evolução.
Indicadores de procura e vendas regressam a terreno positivo
Os indicadores de procura e vendas registaram as maiores recuperações, regressando a terreno positivo após um longo período sob pressão. No caso da procura por parte de novos compradores, passou de um saldo líquido de respostas de -30% em dezembro para +2% em janeiro, o que significa ter entrado em terreno positivo pela primeira vez desde 2022.
Quanto às vendas, a leitura respeitante ao volume de vendas acordadas passou de -28% em dezembro para+2% em janeiro, o mesmo se verificando quanto às expetativas de vendas para os próximos 3 meses. Neste caso, o saldo líquido de respostas evoluiu de -19% em dezembro para +7% em janeiro.
Esta retoma da atividade é acompanhada por uma sustentação dos preços no momento atual e acaba por animar, de forma mais expressiva, as perspetivas quanto à sua evolução. Em relação ao momento atual, o saldo líquido de respostas quanto à evolução dos preços atingiu +4%, recuperando face aos -4% de dezembro.
No que toca às expetativas para a evolução dos preços a 12 meses, a inversão é bastante assinalável, com o atual saldo líquido de respostas de +28% a contrastar com o de -1% registado em dezembro. Na prática, tal traduz um importante fortalecimento das expetativas quanto a um possível aumento dos preços ao longo deste ano.
De acordo com o Portuguese Housing Market Survey, há uma tendência para a estabilização dos fluxos de novas instruções de venda, mas ainda assim mantendo-se em terreno negativo, atingindo-se um saldo líquido de -5% em janeiro.
“Há uma série de fatores a influenciar positivamente a procura e as expetativas quanto à sua evolução. Desde logo, a tendência positiva prevista para o crescimento da economia, desemprego e inflação, bem como a antecipação no corte das taxas de juro”
De acordo com Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, «apesar do momento de instabilidade política que atravessamos, muitos operadores consideram que este conjunto de fatores irá permitir uma recuperação progressiva da procura e que os compradores expectantes tomem as suas decisões de compra. Esta recuperação da procura continua, contudo, a ocorrer num cenário de falta de oferta de casas acessíveis ao rendimento das famílias, pelo que deverá ser um fator de aceleração dos preços a curto-prazo».
Por sua vez, Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS, frisa que «depois de um período prolongado de adversidade, a atividade do mercado imobiliário parece estar a recuperar, o que está correlacionado com o fortalecimento do desempenho económico do Portugal. As condições económicas a nível global também parecem estar a melhorar e isso deverá dar sustentação ao quadro económico nacional, esperando-se que o aumento do rendimento e do consumo ganhem tração no próximo ano».